amores expresos

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

SANTOS COFFE E O QUE PASSA EM RÁPIDO

Uma época especial da minha infância foi aquela em que eu, meu irmão e mais seis primos passamos com nossos avós maternos na praia de Cidreira, litoral do Rio Grande do Sul. Para o café da manhã, meu avô preparava ovos fritos na banha com salsichas. Aquele café reforçado era o máximo.

Tenho mantido uma rotina de cafés da manhã reforçados num lugar chamado Santos Coffe. Os caras (turcos) já se ligaram que sou escritor e, como fazem com a maioria dos clientes, a cada vez que vou lá tentam adivinhar meu pedido (na maioria das vezes, acertam).

Não tenho horário pra chegar, já apareci as sete da manhã, já apareci ao meio dia (detalhe: eles servem breakfast o dia todo).

Entretenho-me com a variação de público (do turista ao operário). A disputa pelos jornais do dia é polida, mas acirrada, por isso, passei a comprar meu exemplar do Australian na lojinha do lado antes de encher a barriga - a leitura do jornal é a coisa mais tangível do dia (nem quando estou aqui no Everywhere Internet digitando em português sem acentos me sinto tão centrado).

Vou aos pubs, mas quase não bebo, peço um suco, água, sento perto das vidraças, fico olhando a rua, o anoitecer, aproveitando a trilha sonora (um bar tem que ter boa música), pescando uns trechos das revistas gratuitas. Nas eventuais conversas, digo que sou escritor brasileiro e algumas portas se abrem - escrever, ter livro publicado parece coisa de outro mundo para algumas pessoas; como se sabe, não é.

Bom, no geral da missão, a história é quase outra na minha cabeça (a cidade deixou de ser uma falácia).

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