DAVID ROWBOTHAM
Um dos sujeitos de valor que descobri nas visitas às livrarias da cidade foi o poeta David Rowbotham, meio marginalizado pela crítica australiana e que só recentemente (na velhice) vem recebendo a devida atenção.
Traduzi (com certa liberdade, aviso) um de seus poemas mais famosos, o "Permanent way".
PERMANENT WAY
O empregado atira sua marmiteira sobre a rocha gelada
para que a comida se conserve fria,
Metal forjado contra a natureza bruta,
Meio deformado por causa dos inúmeros impactos.
Entre a marmiteira e o paredão rochoso, há uma nascente,
Um riacho insignificante, e uma pequena árvore
Crescendo de cabeça para baixo no granito.
O empregado cisca uma pedras,
Afrouxando-as da luz do sol e da própria resistência mineral,
Enfiando-as sob os dormentes com a picareta:
Um meticuloso processo de reforço.
Ele pára ao me ver,
Seca o suor do nariz.
"Bom dia", ele diz.
"Até onde vai trabalhar nestes dormentes?"
"Até onde eu consiga ir hoje."
O trem apitou na curva distante.
Mais tarde, passei por ele de novo.
Estava sentado à sombra do paredão com a marmiteira ao lado
E abanou com a mão com que segurava o sanduíche.
Gostei daquele homem.
Havia humildade em seu jeito
e algum tipo de permanência.
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